quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quebras e fraturas

Esse texto escrevi a um ano atrás, tinha acabado de operar o fêmur para retirada de uns parafusos e uma haste, consequência do meu primeiro Rally dos Sertões.
Agora sinto a mesma coisa, com os 2 braços imobilizados, aprendendo a viver denovo, tentando depender um pouco menos dos outros, principalmente da Maysa, minha namorada que tem dado um duro danado pra me ajudar a todo momento.
Fiz algumas modificações que estão entre parênteses.

“Esse tempo totalmente parado em casa me fez refletir muitas coisas, principalmente relacionado ao cross e a importância que esse esporte tem na minha vida.
Nunca consegui passar um ano inteiro sem me machucar, e isso prejudicou todos os campeonatos que participei. Mesmo assim tive alguns resultados legais no Supercross e no Arena (e em 2008 fui Campeão Brasileiro de Rally, mesmo correndo a última etapa com o ombro pendurado).
Isso nunca me incomodou muito porque sempre soube que o motocross/rally era só um hobby (por mais q me dediquei a isso mais do que qualquer outra coisa na vida) e que ganharia a vida de outra forma, sempre tendo o cross como uma diversão, assim como a bike e o surfe.



Todo piloto sabe, ao subir numa moto, que mais cedo ou mais tarde ele vai cair. Não sei se isso mostra que somos burros ou loucoa, mas com certeza demonstra o tamanho da paixão de cada um que acelera uma moto numa pista, e da dedicação e persistência necessárias para se dar bem.

No Brasil são poucos os pilotos que conseguem viver do esporte, é muito difícil, muito caro, e claro, muito arriscado. Por isso, a maioria conta suas histórias de tombos como troféus, e quase sempre com tom irônico. Mas alguns poucos sofrem com isso muito além da dor causada pelo tombo, como o Marronzinho, vice-campeão de motocross na MX1 e uma promessa pro supercross. Caiu na largada da primeira etapa e depois de 3 etapas ainda não voltou pra moto. (esse ano ele foi o Campeão Brasileiro de Motocross na MX1)



Bom, não sei muito bem porque to falando isso... acho que o mais importante do esporte na vida das pessoas não é o gosto da vitória, nem os benefícios pra saúde física e mental. A melhor coisa que eu aprendi nesses tantos anos de cross foi saber perder. Ganhar não é fácil, e exige muita dedicação, mas lidar com a vitória é facil, claro! Agora, lidar com a derrota, não é pra qualquer um, você tem que estar preparado pra isso, mesmo nas situações mais improváveis, na última volta, mais de 20 segundos de vantagem, e um retardatário te derruba (aconteceu comigo), ou a moto quebra... é difícil aceitar que perdeu quando já está com uma mão no troféu! Assim como é dificil parar tudo de uma hora pra outra por causa de uma fratura, todo o ritmo de treino, dieta planos… e de uma hora pra outra, sofá o dia inteiro!



Mas isso faz parte dos nossos esportes, para competidores ou esportistas de final de semana, sempre vai acontecer, então aproveitem ao máximo o horário de verão e radicalizem por mim! Agradeçam a cada dia que voltarem pra casa inteiros e não esqueçam que um péssimo dia de esporte é melhor que um ótimo dia de trabalho!”

GO HARD… OR GO HOME
Ramon Sacilotti

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